Ana Raiane dos Santos, de 31 anos, faz tratamento pós-transplante em São Paulo, mas foi liberada pelos médicos para voltar ao Rio Grande do Norte e visitar a família nas festas de fim de ano.
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"Foi muito emocionante. Vai ser um Natal de muita felicidade", falou Carlos Henrique, marido de Raiane.
Raiane também foi recepcionada por representantes da Polícia Militar e Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU), que, à época da transferência para a capital paulista, foram essenciais na escolta e liberação das vias do comboio. Naquela oportunidade, Raiane estava usando ECMO - uma espécie de pulmão artificial - após complicações da Covid-19.
Relembre o caso
Ana Raiane foi diagnosticada com Covid em maio de 2021, quando estava grávida. Após o nascimento da filha na maternidade Januácio Cicco, em Natal, teve uma piora no quadro e precisou ser intubada. Quando a situação se agravou, foi necessário o tratamento com ECMO, em manejo liderado pelo cirurgião cardiovascular Renato Max e pelo intensivista Hugo Paiva. Os dois médicos também foram os responsáveis por conseguir a vaga para a continuidade do tratamento no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Após 60 dias com o suporte respiratório da ECMO, ela seguiu em agosto para a capital paulista com o marido, Carlos Henrique, que fez campanha nas redes sociais para conseguir custear o necessário para o tempo previsto de tratamento da esposa, que seria, a princípio, de um ano. A equipe médica de Natal se responsabilizou por custear o equivalente à hospedagem em São Paulo por sete meses. O restante necessário (para transporte e alimentação) que era exigido pelo serviço social do transplante pulmonar foi conseguido através das doações, rifas e outros meios que a família buscou.
Em São Paulo, a equipe que assumiu o caso, chefiada pelo cirurgião torácico Marcos Samano, chegou a retirar a ECMO da paciente, mas ela, assim como já havia acontecido em Natal, não suportou ficar sem o aparelho, e foi necessário reimplantar e aguardar pelo transplante.
No dia 31 de agosto, apareceu um doador compatível, e foi feita a cirurgia de imediato. Após alguns dias, a ECMO foi retirada, e ela se manteve com respirador mecânico, que foi removido da paciente após algumas semanas. Atualmente, Ana Raiane respira sem ajuda de nenhum equipamento ou oxigênio suplementar.
A potiguar recebeu alta do Hospital Albert Einstein no dia 1º de novembro. A equipe médica que acompanha o caso liberou o retorno a São Vicente, no interior do Rio Grande do Norte, como um "presente de Natal", para que ela possa ver a filha mais uma vez. O último encontro com a bebê de sete meses havia acontecido no leito da UTI da Promater, em Natal, no dia 7 de agosto.
Ana Raiane vai continuar em tratamento pós-transplante em São Paulo, com fisioterapia respiratória e motora, fonoaudiologia e avaliação da função pulmonar. Ela retornará para a capital paulista no dia 12 de janeiro, e deve permanecer lá até a alta definitiva – o que ainda não há previsão para acontecer.
A potiguar é uma das oito pessoas no Brasil que fizeram transplante de pulmão em decorrência do agravamento da Covid-19. Desse grupo, quatro sobreviveram. "É, portanto, um dos poucos casos de sucesso no mundo de transplante pulmonar por síndrome de angústia respiratória ocasionada pelo vírus SARS-COV2", destacam os médicos.
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