O coral-sol é uma espécie invasora, que coloniza ambientes marinhos e pode impedir o crescimento de espécies nativas.
Fotos: Erika Beux
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, por meio do Núcleo de Gestão de Unidades de Conservação (NUC) e da gestão da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) identificou recentemente a chegada do coral-sol no litoral norte do RN, e está organizando uma série de expedições para remoção da espécie invasora, além do monitoramento, garantindo o controle a fim de evitar a propagação do coral-sol nas áreas que pertencem à APARC.
Com a formação de uma equipe multinstitucional, a ação está sendo viabilizada pelo Programa de Monitoramento Turístico e Ambiental da APARC do Idema, que é executado pela Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar (Fundep). “O coral-sol é considerado invasor, uma vez que, ameaça a biodiversidade local, podendo prejudicar a riqueza de espécies nativas e ameaçar as atividades econômicas da região, como pesca e turismo. O intuito das expedições é remover as colônias de coral-sol e manter um monitoramento sistemático e contínuo na área para controle da espécie”, disse a gestora da APARC, Heloisa Brum.
De acordo com a Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB), “espécie exótica” é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. “Espécie exótica invasora”, por sua vez, é definida como aquela espécie exótica cuja introdução e dispersão ameaça a biodiversidade, incluindo ecossistemas, habitats, comunidades e populações. O coral-sol foi detectado em expedição realizada aos naufrágios da APARC no mês de fevereiro e identificado pela oceanógrafa Erika Beux. Até o presente momento não foram identificadas colônias de coral-sol na área de visitação turística da APARC.
O coordenador do Núcleo de Gestão de Unidades de Conservação (NUC) do Idema, Rafael Laia, comenta que quem mergulha e se depara com o coral-sol embaixo da água fica maravilhado com sua beleza, mas poucos sabem que ele é um invasor que está contaminando o litoral do Brasil. “As espécies possuem diversas estratégias de crescimento e reprodução, além de defesas e ausência de predadores efetivos. Por isso são invasores eficientes, que podem colonizar ambientes e impedir o crescimento de espécies nativas”, disse.
Laia acrescentou, ainda, que o grupo está em alerta e atuando para o controle e erradicação desta espécie na Unidade de Conservação. “O monitoramento ambiental que já ocorre na APARC, irá também fortalecer a rotina para impedir a multiplicação da espécie. Temos uma equipe capacitada para isso”, disse. A equipe técnica está sendo coordenada pelo Prof. Dr. Guilherme Longo (pesquisador do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN), e contam também com o coordenador do Monitoramento Ambiental da APARC Tiego Costa e Marcelo Zigmund (mergulhador profissional).
Sobre o coral-sol: As espécies de coral-sol têm facilidade em se estabelecer em substratos artificiais, como as superfícies lisas de plataformas de petróleo e naufrágios. Já foram registradas no Brasil, duas espécies do gênero Tubastraea (Tubastraea coccinea e Tubastraea tagusensis), ambas originárias dos oceanos Pacífico e Índico. Os registros de coral-sol em águas brasileiras iniciaram no Sudeste, principalmente no RJ na década de 80. A chegada do coral-sol pode ter ocorrido no Brasil através dos cascos e da água de lastro de navios. No Rio Grande do Norte, existem dois naufrágios na Risca do Zumbi (no limite leste da APARC), com importância histórica: Commandante Pessoa (datado de 1954, encontra-se dentro da APARC, é de 1954), e São Luiz (datado de 1911, encontra-se fora da APARC). Até o presente momento foram encontradas colônias do coral-sol apenas no naufrágio Commandante Pessoa.
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