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Um dos ativos símbolo do
segundo Governo Lula no Ceará, a Usina de Biodiesel de Quixadá segue em
“hibernação” pela Petrobras desde 2016. Foi considerada motor para o
desenvolvimento da região, gerando emprego e renda no distrito de Juatama. Os
tempos áureos ficaram na saudade. Sem chance de retorno,
pois a empresa já anunciou que produzir biodiesel não é com ela, seu
futuro é a venda. Se depender da Petrobras, em 2022, passará para alguma
companhia privada.
“A gente não é
especialista em biocombustível. Não é o nosso core business. Precisamos fazer
desinvestimentos nesse setor e deixá-lo para empresas que tenham familiaridade
e apetite na biotecnologia”, disse ao Focus Roberto
Ardenghy, Diretor de Relações Institucionais da Petrobras.
Para o executivo, a
petroleira se valeu de impulso para investir no que não tinha expertise no
passado. “Foram decisões equivocadas na área de investimentos, o que deu
bastante prejuízo. Por isso somos uma empresa muito endividada”, justifica. Ainda sobre Quixadá, a
Petrobras acredita que a unidade produtora de biodiesel se torna atraente pelo
maquinário e tecnologia lá instalada. Mas se a empresa for vendê-la, sem
dúvidas, será por um valor bem inferior aos R$ 76 milhões repassados para
construção do empreendimento durante o segundo Governo Lula.
Aproximadamente 9 mil
agricultores familiares trabalhavam no plantio da mamona, matéria-prima para a
produção do biocombustível no Interior cearense. De empregados próprios da
Petrobras, 100. A capacidade de geração era de 108,6 milhões de litros de
combustível por ano.
Declínio
O que tinha tudo para colocar a Petrobras em “outro patamar” na indústria de
combustíveis verdes acabou se tornando um terrível fracasso. Dois fatores
dificultaram a usina de Quixadá decolar.
O primeiro deles foi a
própria agricultura familiar. Não havia mamona suficiente para produzir o
biodiesel. O segundo é técnico: o
combustível natural produzido pela Petrobras sequer atendia às especificações
da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
De acordo com resolução
nº 7/08 da agência, a viscosidade do óleo extraído da mamona variava entre 20 e
30 milímetros por segundo (mm²/s). A viscosidade permitida pela ANP no
biodiesel: de 3 a 6 mm²/s.
Petróleo no Ceará
A Petrobras também não quer mais conversa com campos de petróleo em águas rasas
no Ceará. Nesse sentido, divulgou em junho um teaser dos campos de Atum,
Curimã, Espada e Xaréu, localizados na sub-bacia de Mundaú.
Quem entrará no rol de
possíveis candidatas, na avaliação de Roberto Ardenghy, são companhias de médio
porte. “Em outros projetos similares, empresas da francesas, americanas,
peruanas e colombianas e um bom grupo de empresas brasileiras se interessaram
por campo de águas rasas”, pontua. A expectativa é que o processo de concessão
seja de fato finalizado em um ano e meio.
Operando desde a década
de 1980, o cluster localiza‐se a uma distância de 30 quilômetros da costa do Estado, em lâmina
d’água entre 30 e 50 metros. A produção média em 2019 foi de 4,2 mil barris por
dia de óleo e 76,9 mil m³/dia de gás, através de nove plataformas fixas. A
Petrobras segue como operadora nesses campos, com 100% de participação. Os
campos estão “hibernados” desde o dia 27 de março deste ano.
Atum, Curimã, Espada e
Xaréu serão concedidos e ficarão sob tutela das empresas privadas até 2025, com
potencial de extensão a ser solicitada pelo comprador do cluster.
📌Lembre-se: higienize as mãos sempre que necessário com água e sabão ou álcool em gel.
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