Apenas oito indivíduos, todos homens, possuem tanto dinheiro quanto 3,6 bilhões de pessoas – a metade mais pobre da população mundial – segundo informações da fundação Oxfam. A entidade divulgou um relatório nesta segunda-feira e pediu por ações que reduzam os ganhos daqueles que já estão no topo. Os cálculos se basearam em dados do banco suíço Credit Suisse e da revista de negócios americana Forbes.
" Para entidade, a concentração de riquezas do equivalente à metade mais pobre da população na mão de poucas pessoas é 'obscena' "
Em um momento no qual políticos e muitos bilionários se reúnem para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o relatório da ONG sugere que a desigualdade de renda está maior do que nunca, com novos dados para China e Índia indicando que a metade mais pobre da população mundial possui menos recursos do que anteriormente estimado.
A Oxfam, descreve essa desigualdade como “obscena”. Antes, era estimado que 62 pessoas correspondessem a essa parcela da população. Em 2010, foram necessários os ativos combinados das 43 pessoas mais ricas do mundo para se igualar às riquezas somadas dos 50% mais pobres, de acordo com os cálculos mais recentes.
A desigualdade tem movimentado a agenda internacional nos últimos anos, inclusive tendo o papa Francisco entre aqueles que alertaram sobre seus efeitos corrosivos, ao passo que um ressentimento com as elites tem ajudado a motivar um surto no populismo político.
“Vemos muita preocupação -e claramente a vitória de Trump e o Brexit deram novo ímpeto a isso neste ano- mas há uma falta de alternativas concretas”, disse Max Lawson, chefe de políticas da Oxfam. “Há maneiras diferentes de gerenciar o capitalismo que poderiam ser muito, muito mais benéficas para a maioria das pessoas.”
A Oxfam pediu em relatório para que se reprimisse evasão fiscal e por uma mudança no chamado capitalismo acionário “sobrecarregado”, que recompensa desproporcionalmente os ricos.
Enquanto muitos trabalhadores lutam com rendas estagnadas, a riqueza dos super ricos tem crescido uma média de 11% ao ano desde 2009.
Bill Gates, homem mais rico do mundo e rotineiro frequentador de Davos, viu sua fortuna crescer em 50%, ou 25 bilhões de dólares (80,43 bilhões de reais), desde que anunciou planos de deixar a Microsoft em 2006, apesar de seus esforços de se desfazer de grande parte dessa riqueza.
Embora Gates exemplifique como a riqueza excessiva possa ser reciclada para ajudar os pobres, a Oxfam acredita que a “grande filantropia” não ajuda a solucionar o problema fundamental. “Se bilionários escolherem dar seu dinheiro, essa é uma coisa boa. Mas a desigualdade importa e você não pode ter um sistema onde bilionários estão sistematicamente pagando menos impostos do que suas secretárias ou seus faxineiros”, disse Lawson.
Os oito indivíduos nomeados no relatório são Gates; Amancio Ortega, fundador da Inditex; o investidor veterano Warren Buffett; o magnata mexicano Carlos Slim; o chefe da Amazon, Jeff Bezos; Mark Zuckerberg, do Facebook; Larry Ellison, da Oracle, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.
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