Vocês, assim como eu, perceberam quais foram as notícias relativas à votação pelo impeachment que mais repercutiram nas mídias sociais nestes dois últimos dias:a decepção de alguns com o pronunciamento do deputado Jair Bolsonaro e o cuspe de Jean Wyllys.Curioso, não? O Brasil deu um passo fundamental rumo ao enfraquecimento do PT – que não é um partido, mas uma quadrilha – e, no entanto, todos os holofotes recaem sobre duas situações totalmente secundárias. Mas, vamos lá.
Os motivos para a decepção
Percebi dois tipos de alegações a este respeito – e, obviamente, só me refiro aqui às falas dos eleitores e simpatizantes do deputado. Numa deles, as pessoas disseram que se decepcionaram com o pronunciamento do dep. Bolsonaro porque ele perdeu uma oportunidade de ouro para falar coisas importantes, para alcançar uma projeção nacional ainda maior, enfim, para continuar a fazer sua campanha pela presidência. Eu entendo esse ponto de vista. Porém, o que tais pessoas esquecem é que aquele não era o momento para pronunciamentos, pois estes já haviam tido a sua ocasião correta no dia anterior. Aquela era a ocasião para o voto, simples e direto, sem“um beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você”. Entretanto, uma vez que os deputados tinham sobre si os olhares do país inteiro, resolveram transformar a votação numa mal arranjada propaganda eleitoral gratuita, daí aquela bagunça de duração inconcebível (teve até deputado que levou junto o próprio filho para que o garoto falasse!).
Resumindo:ninguém deveria ter dito mais do que “sim” ou “não”.
O outro tipo de alegada decepção decorre das menções feitas pelo dep. Bolsonaro em seu pronunciamento. Há quem diga que o deputado não deveria ter falado de 64, ou do Cel. Ustra ou elogiado o dep. Eduardo Cunha. Aqui a coisa fica mais intrincada, por isso vamos por partes.
O golpe de 64.
Quem quer que não tenha se satisfeito com as informações a respeito deste período histórico fornecidas pelos professores esquerdistas que dominam as escolas e as universidades, mas tenha ido em busca do contraditório, sabe que a história real é bem diferente daquela contada nos livros do MEC. Primeiro, porque o assim chamado “golpe militar de 64” foi na verdade um contra golpe.Estava em curso, em nosso país, um golpe de estado que pretendia instaurar uma ditadura comunista. Sim, a conversa mole de“lutar e dar a vida pela democracia”faz parte da estratégia da história reescrita, que adultera o passado e confunde o presente para possuir o futuro. E para confirmar o que eu digo não é preciso ir longe, basta ouvir os diversos depoimentos de Fernando Gabeira – ex-guerrilheiro atuante naquele período – que se encontram espalhados pela internet, para saber que a questão nunca foi a democracia, mas um projeto de poder totalitário em escala continental – precisamente o que vivemos hoje por meio do Foro de São Paulo.
Assim, os militares nada mais fizeram do que tentar impedir que um tal projeto fosse bem sucedido, no que estavam cumprindo o seu dever.
Quer dizer, então, que foi uma época ótima para o país e que estava tudo certo? Não. Os militares erraram em dois pontos importantes: ao não convocarem novas eleições, pegando gosto pelo poder, e ao não lutarem efetivamente contra a ocupação de espaços promovida pelo braço intelectualizado da esquerda, que tomou universidades, igrejas, mídia, etc. Eles combateram o braço armado, enquanto o braço cultural crescia e se fortalecia, dando origem ao estado de coisas que hoje vivemos, onde há uma onipresença esquerdista nas mais diversas áreas.
O Cel. Ustra.
Um tabu sobre o qual até mesmo os direitistas evitavam falar, o Cel. Ustra, diretor do DOPS e do SNI, foi mais uma vítima do conhecido expediente de assassinato de reputação realizado pela esquerda. Tomado e ostracizado como“chefe dos torturadores da ditadura”, o Cel. Ustra jamais teve a chance de se defender de todos os ataques sofridos longo dos anos, pois, como disse acima, os meios culturais foram monopolizados pela esquerda, de modo que o poder sobre a narrativa histórica estava sob o domínio deles. Todavia, ao homenageá-lo, dep. Bolsonaro quebra o silêncio e traz o assunto à tona novamente, possibilitando, por um lado, uma revisão do monopólio discursivo da esquerda, por outro, traçando um temível paralelo entre os nossos dias e aqueles, como que sinalizando aos esquerdistas que o seu tempo de controle do poder estão contados – há quem diga que foi exatamente neste momento do discurso do dep. Bolsonaro que a presidente mais se enfureceu.
Deve ser mesmo difícil ouvir louvores a quem caçava terroristas.
Por fim, uma questão que vale a reflexão: embora, como o próprio prof. Olavo de Carvalho disse, não haja provas, para além do discurso das autoproclamadas vítimas – os mesmos comprovados mentirosos que hoje estão no poder –, de que o Cel. Ustra fosse mesmo um torturador, parece-me importante comparar a dimensão e a intensidade das violências cometidas pelos militares contra os terroristas e as violências cometidas pelos próprios terroristas contra civis indefesos. Acredito que isso nos oferece uma perspectiva mais correta e menos romântica não somente deste caso específico, mas de todos os combates onde um dos lados luta para proteger os inocentes e outro luta pelos seus próprios interesses à custa de quem quer que seja, inclusive de pessoas inocentes.
Eduardo Cunha.
Política é a arte do possível, daquilo que se pode fazer com aquilo que se tem no momento, o que geralmente passa longe do ideal.
Ao elogiar o dep. Eduardo Cunha, presidente da Câmara, o dep. Bolsonaro frisa muito claramente o aspecto elogiável de Cunha:o seu desempenho na condução do processo de votação do impeachment da presidente Dilma.Basta ouvir o pronunciamento. Nada mais, nada menos do que isso. E não é, de fato, elogiável a firmeza e a imperturbabilidade do dep. Eduardo Cunha diante da virulência dos ataques petistas, da campanha de desqualificação da imprensa, da pressão psicológica diante das denúncias da Lava Jato? Quem mais teria coragem de fazer o mesmo diante de um cenário tão particularmente desfavorável? Isso significa apoio irrestrito a ele? Claro que não, e Bolsonaro não ultrapassa a linha. Entretanto, como a política é a arte do possível, é preciso avaliar e unir-se pontualmente àqueles que são inimigos dos nossos inimigos, ainda que momentaneamente, em nome da conquista de vitórias importantes. Destituir a presidente Dilma não é um motivo bastante razoável?
Agora, considerando esses três pontos polêmicos, convém assinalar ainda o seguinte:ao dizer o que disse, o dep. Bolsonaro intencionalmente reforçou a diferença existente entre ele e os petistas e apoiadores presentes.Enquanto os últimos requentavam o eterno vitimismo e justificavam implicitamente as próprias safadezas apontar as do dep. Cunha, Bolsonaro, mais uma vez, combateu o vitimismo ao exaltar aqueles que lutaram contra a ditadura esquerdista e protegeram as verdadeiras vítimas do movimento revolucionário, isto é, a sociedade civil, explicitando também o seu apoio ao bode expiatório do momento. Tal reforço não ajudou a evidenciar ainda mais, aos olhos do povo, a imensa diferença existente entre Bolsonaro e os petistas e esquerdistas em geral? E não é isso fundamental em um momento em que todos estão absolutamente fartos do PT? E não é isso fundamental em um momento em que toda as opções anteriores de oposição mostraram-se polidas, insossas e medrosas a ponto de serem trituradas pelo PT?
Não, meus amigos, Bolsonaro continua sendo Bolsonaro,e isso é bom.
Sem novidades, sem surpresas, coerente com as falas e posturas que até aqui granjearam a admiração popular nos quatro cantos do país.
O cuspe de Jean Wyllys.
Quanto ao cuspe de Jean Wyllys, ouso dizer que foi uma das melhores coisas que o ex-BBB já fez pelo Brasil, pois mostrou com toda a clareza possível a) quem é o mentiroso (ao criar uma versão fantasiosa para o ocorrido em sua página pessoal e ser facilmente desmascarado pelas inúmeras gravações disponíveis do fato); b) quem é o intolerante (ao achar-se no direito de cuspir, em plena Câmara dos Deputados, em quem dele discorda); c) quem é o truculento (o que começa com um cuspe, pode, facilmente, no ápice da histeria, virar um tapa, um soco ou um tiro).
Devemos agradecer ao Jean por sair do armário do falso bom-mocismo coitadista e deixar claro até aos olhos dos cegos quem de fato você é.
Com tal proeza, Wyllys conquistou a antipatia até mesmo de boa parte do movimento LGBT. Já no tocante à aparente não reação do dep. Bolsonaro, nada mais acertado: ao não cair na provocação, ele expõe, na prática, o abismo que os separa, desmentindo num só instante todas as falsas acusações com que Jean Wyllys sempre tentou rotulá-lo e que, em verdade, caem muito bem para si próprio.
Enfim, àqueles da direita que querem um Bolsonaro mais profissional, mais polido ou mais oportunista, revejam suas posições e considerem se, no fundo, o que vocês estão pedindo não é, curiosamente,um novo Aécio Neves.
Bolsonaro não“maculou”a imagem da direita e não nos entregou aos leões esquerdistas, como afirmavam de joelhos trêmulos alguns“puristas”políticos. Pelo contrário, com sua fala, Bolsonaro multiplicou seu número de simpatizantes, expôs a farsa dos“tolerantes”e demarcou território como ninguém foi capaz de fazer nos últimos anos. Não esqueçamos: Bolsonaro é um ex-militar politicamente incorreto, coerente, destemido e honesto, e por isso mesmo ele é o adversário perfeito contra as amarras linguísticas e (i)morais da esquerda, nítido o bastante para o olhar baralhado do nosso povo. Em suma, o político possível para o nosso momento e, sem sombra de dúvidas, a nossa melhor opção. Não é de admirar, portanto, que até mesmo essa primeira vitória sobre o PT tenha sido obscurecida por tão inédita demonstração de presença política.
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